
A INDIFERENÇA
DEIXANDO
O CASAMENTO
ACABAR
Por: SILVIO CESAR
A grande maioria das pessoas acredita que as brigas, os desentendimentos são os grandes vilões que interrompem as relações humanas. Esse pensamento também acompanha muitos casais e, no caso das relações conjugais, em especial, no casamento, existe um fator mais silencioso, que foge a esse padrão sendo muito mais destrutivo: a indiferença.
A indiferença simplesmente se instala. Não há discussão, ninguém bate portas, não há gritos. Ela é simplesmente um silêncio que pesa, e MUITO! Faltam olhares, gestos de carinho que mesmo sendo solicitados não acontecem. É quando não temos mais admiração pelo parceiro ou pela parceira, é quando o que ele ou ela vive não mais desperta interesse ou preocupação.
A indiferença, por si só, pode sim acabar com um casamento, porque ela mina a base emocional da relação: o vínculo, a atenção mútua e o cuidado. No mundo atual, observamos sinais evidentes de desconexão das bases emocionais, casais que evitando contato saudável, buscam se conectar com o mundo virtual. Quanto tempo se perde utilizando o celular, com jogos, rolando o feed, navegando por onde não se deve? E quando um dos parceiros (ou ambos) se isolam, utilizando esses recursos ou outros não citados, os sentimentos de conexão, pertencimento e importância desaparecem. Isso pode gerar solidão a dois, ressentimento e uma sensação constante de rejeição ou abandono emocional.
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
Acompanhando a história da humanidade, nunca houve no mundo tantas possibilidades de divertimento e lazer em que o homem pudesse fazer parte, com a mesma proporção que existe hoje em dia. Da mesma forma como o progresso da humanidade caminhou, também cresceu as possibilidades de escolhas. No século XIX, os nobres se reuniam nos bailes, nas salas de suas casas aconteciam momentos de contemplação familiar, sempre existia uma jovem ao piano, normalmente uma das filhas, e os demais contemplando o momento, recebendo amigos e familiares nesses ambientes, e nos momentos de refeição todos compartilhavam a mesa, hábitos esses, que na maioria dos lares de hoje não se faz .
Observando a importância da família nesse processo, podemos afirmar que ela é a sociedade em miniatura, uma pequena parcela representativa do mundo. É na família que desenvolvemos os conceitos mais importantes para formação de nossa moral e caráter. Mas quando chega ao ambiente doméstico a necessidade do “querer mais”, e o pensamento “do que possuo não é o suficiente”, e quem mantém esse pensamento ativo se distancia cada vez mais de ser um indivíduo moralizado.
A benfeitora Joanna de Ângelis nos diz que “A moral, a dignidade, o bem proceder tornaram-se condutas esdrúxulas, ultrapassados pelos espertos das fantasias do erotismo e da insensatez”. E ela continua dizendo: “ (...) a família esfacelou-se, a comunhão doméstica transtornou-se, a sombra coletiva passou a dominar o santuário do lar e a desagregação substituiu a união.”
Entendemos que, ao invés de desenvolvermos em nosso pequeno laboratório, que é a família, o bem proceder e construir uma moral sólida e caráter firme, levando esses conceitos à sociedade e ao mundo, estamos deixando o mundo entrar em nosso lar, tomando conta de todos e guiando o nosso comportamento. Porém, entendemos que o lar doméstico é ascensional, nos permite o crescimento, é do lar, das relações familiares que devemos desenvolver os sentimentos de amizade e compreensão e deixá-los se expandir pela sociedade, e não o inverso.
OS SINAIS MAIS COMUNS DE INDIFERENÇA

“A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações?”
-Livro Jesus no Lar - Chico Xavier - Neio Lúcio
Meu lar deve ser meu abrigo, esse foi o resumo do pensamento descrito no pequeno texto citado por Chico Xavier e Neio Lucio. Essa é a convicção que todos devemos ter, e para isso devemos persistir e perceber os ruídos do mundo sob o nosso teto doméstico.
A indiferença costuma surgir de forma sutil, como um acúmulo de mágoas não resolvidas, frustrações silenciosas ou cansaço emocional. Às vezes, ela aparece quando um dos dois desiste de tentar melhorar a relação, ou quando ambos entram no automatismo, vivendo juntos, mas emocionalmente distantes, normalizando o que não deve ser normal.
Não só a falta de diálogo entre o casal, com palavras redundantes sem troca emocional, falta-lhes sentimentos e atos de carinho, desinteresse pela vida do outro, os indivíduos se isolam se sentem sozinhos mesmo estando juntos, não se tem mais disponibilidade e vontade de ouvir ou de compartilhar o que sente, ou qualquer outro assunto, falam apenas sobre o que é necessário, e nada mais.
ABANDONO EMOCIONAL
É por isso que dói tanto! Porque ela gera a sensação de abandono emocional. Estar ao lado de alguém que não demonstra cuidado, atenção ou afeto pode ser mais doloroso do que estar sozinho. A indiferença comunica, consciente ou inconsciente, que o outro já não se importa. E essa sensação fere profundamente a autoestima e a segurança emocional, falta-lhe admiração pelo outro, esse é o mal maior!
Para mudar esse quadro que se instalou é preciso vontade de ambos. Reconstruir a conexão exige diálogo sincero, disposição para olhar para a relação com honestidade e, muitas vezes, a ajuda de um terapeuta de casal. Lembrando que na maioria das vezes o amor não acabou, foi o mundo que o abafou, deixou ele soterrado. Vocês se lembram quando disse no início do texto que a nossa necessidade do “querer mais”, e do individuo que tem em seus pensamentos que: “o que possuo não é o suficiente” acaba fazendo esse papel, abafando o amor. Deixando nascer mágoas ou hábitos nocivos que precisam ser eliminados.
QUANDO PROCURAR AJUDA?
Se você sente que está emocionalmente sozinho(a) dentro do seu casamento, se o silêncio se tornou constante e a indiferença virou rotina, talvez seja o momento de buscar apoio. A terapia pode ajudar a identificar as causas desse distanciamento e encontrar caminhos para resgatar a intimidade, o cuidado e a parceria. A indiferença pode, sim, acabar com um casamento, porque ela quebra o vínculo afetivo. Mas se ainda existe o desejo de resgatar a conexão, sempre há tempo para reconstruir. O primeiro passo é reconhecer o problema — e buscar ajuda.
Para finalizar essa reflexão trago a seguinte frase de Pedro o Apóstolo que diz:
“Amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro”.
E Emmanuel comenta essa passagem do evangelho com uma linda reflexão:
“Muita gente afirma que ama, contudo, logo que surjam circunstâncias contra os seus caprichos, passa a detestar. Gestos que aparentavam dedicação convertem-se em atitudes do interesse inferior (...) o Apóstolo Pedro fornece a nota dominante da lição. Amemo-nos uns aos outros, ardentemente, mas guardemos o coração elevado e puro.”
Gratidão,
Silvio Cesar

Referências:
FRANCO, Divaldo Pereira. Psicologia da Gratidão. 1a. Ed. / pelo Espírito Joanna de Ângêlis. Salvador: LEAL, 2011.
XAVIER, Francisco Candido. Jesus no Lar. 37. Ed. / pelo Espírito Néio Lucio. Brasília: FEB, 2016.
XAVIER, Francisco Candido. Vinha de Luz. 1a. Ed. / pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2016.
Bíblia Sagrada - Segundo testamento - I Pedro 1:22
PORQUE ENFRENTAR TUDO SOZINHO?
Você tem um profissional com mais de 30 anos de experiência, que vai te ajudar onde você estiver, através da teleconsulta.
Existe um caminho para retomar o equilibrio e a confiança, assim como o controle de suas emoções.
Psicoterapia desenvolve em você habilidades para lidar com essas situações, o paciente estando no atendimento on-line ou presencial, compartilha suas dificuldades, emoções, preocupações de forma sigilosas, e recebe apoio, orientação e tratamento.

Silvio Cesar
Psicólogo - Psicoterapeuta Comportamental
Graduado em Psicologia pela UGFRJ em 1994
Intervenção terapeuticas em TCC - Terapia Cognitiva Comportamental
Psicoterapia Breve
Psicologia Hospitalar em pré e pós operatorio e pacientes crônicos
Trabalho com atendimentos clínicos com jovens a partir de 15 anos, adultos, famílias,
na modalidade ONLINE (Brasil e outros países) e PRESENCIAL (Rio de Janeiro).